Epônimos em medicina: a fratura de Pott

A fratura completa da fíbula distal, com lesões dos ligamentos do tornozelo, frequentemente associada à fratura da parte distal da tíbia ou do maléolo medial é conhecida como fratura de Pott. O epônimo se refere a Percival Pott, cirurgião inglês, nascido em Londres em 1714 e falecido em 1788.

Percival Pott (1714-1788)
Percival Pott (1714-1788)

Em janeiro de 1756, quando se deslocava para atender a um paciente, Pott sofreu uma queda do cavalo, que causou uma fratura exposta dos ossos da perna. Transportado para sua casa, vários cirurgiões logo o acudiram e indicaram a amputação, procedimento padrão da época para fraturas expostas. Ele já estava sendo preparado para a cirurgia, quando chegou Edward Nourse de quem Pott era assistente e havia sido seu discípulo. Nourse resolveu tentar reduzir a fratura e evitar a cirurgia. O procedimento teve sucesso e não houve infecção, numa época em que as noções de antissepsia eram precárias. Na convalescença, Pott descreveu minuciosamente a lesão que ficou conhecida pelo seu nome tanto por tê-la descrito, como por ter sido vítima de uma “fratura de Pott”.

Outros epônimos ligados a ele, pela precedência na descrição, são a Doença ou Mal de Pott, uma forma de tuberculose extrapulmonar, vertebral, a gangrena de Pott, o aneurisma de Pott. Foi o cirurgião quem descreveu também a doença dos limpadores de chaminé, um tipo de câncer de escroto, que acometia jovens que tinham essa função. Pott deduziu que alguma substância presente nesse ambiente fosse a causa das lesões, sendo portanto um pioneiro na identificação do papel carcinogênico de determinadas substâncias.

Neto Geraldes

Um novo historiador que gosta da medicina e um velho médico que gosta da história.

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