Epônimos em medicina- Alzheimer

Alois Alzheimer

Um dos epônimos mais conhecidos hoje é o “Alzheimer”, que se refere à Doença de Alzheimer, ou Mal de Alzheimer, que é uma enfermidade neurológica, degenerativa, progressiva, com manifestações clínicas relacionadas principalmente a  alterações das funções cognitivas, como atenção, capacidade de aprender, orientação e principalmente da memória. Ocorrem distúrbios comportamentais e incapacidade para os atos comuns da vida diária. A moléstia é responsável por cerca de metade dos casos de demência e, com o aumento da expectativa de vida da população, tem sido constatado um aumento da sua prevalência, com incidência maior a partir dos 60 anos de idade.

O epônimo deve-se ao psiquiatra alemão Alois (Aloysius) Alzheimer, nascido em 1864 e que em 
1901 teve sua atenção voltada para o caso de uma paciente chamada Auguste Deter, de 51 anos de idade, que apresentava um quadro clínico que começara com um exagerado ciúme em relação ao seu marido e evoluíra com alterações da memória, desorientação, dificuldade em ler e escrever além de episódios de alucinações. Nessa ocasião Alzheimer
Com a morte de Deters, Alzheimer realizou um estudo histopatológico nos tecidos do cérebro da paciente, encontrando alterações celulares, como um emaranhado de fibrilas e depósitos de substâncias amorfas. Seu caso foi apresentado de forma oral em um congresso alemão e publicado em 1907. 

A paciente Auguste Deters

O segundo caso descrito pelo médico alemão foi o de um homem de 56 anos com quadro demencial e em cuja autópsia encontrou alterações patológicas cerebrais semelhantes àquelas encontradas na primeira paciente. 
Surpreendentemente, em 1992 e 1997 foram encontradas, em um subsolo da Universidade de Berlim, as preparações histológicas originais desses dois casos, (cerca de 400 lâminas) em boas condições de preservação, possibilitando um reestudo do caso desses pacientes e confirmando os achados iniciais.
Entre os méritos de Alzheimer, para justificar o epônimo está a constatação da organicidade da doença, ao correlacionar as manifestações clínicas com os achados histopatológicos, mostrando que a demência pré-senil era uma entidade mórbida específica e não simplesmente uma manifestação do envelhecimento natural.
O termo Doença de Alzheimer foi utilizado pela primeira vez em 1910 pelo também alemão Emil Kraepelin, um dos fundadores da moderna psiquiatria e pioneiro na constatação de causas orgânicas para doenças psiquiátricas. 

Alois Alzheimer morreu em 1915, com a idade de 51 anos.

Bibliografia consultada

Forlenza, OV. Tratamento farmacológico da Doença de Alzheimer. Rev Psiq Clin, 32 (3); 137-148,2005, 

Smith, MAC. Doença de Alzheimer. Rev. Bras. Psiquiatria. vol 21,1999.
Fuentes, P. Enfermedad de Alzheimer: una nota histórica. Rev Chil neuropsiquiatr v 41, supl 2 2003
Caixeta, L. Doença de Alzheimer. Artmed, Porto Alegre, 2012
Leibing, A. Olhando para trás: os dois nascimentos da Doença de Alzheimer e a senilidade no Brasil. Est. Interdiscipl. Envelhec. V1, p 37-56, 1999
Ramirez-Bermudez J. Alzheimer’s disease: critical notes on the history of a medical concept. Arch Med Res 43 (8) :595-9. 2012

Neto Geraldes

Um novo historiador que gosta da medicina e um velho médico que gosta da história.

Este post tem um comentário

  1. Juliano

    Esta doença além de triste ao ponto de deixar toda a família depressiva, ela também adoece o cuidador.
    Estamos precisando muito de ajuda, mas principalmente para termos como contratar uma ajudante para minha irmã que já está esgotada e já apresentando sintomas psíquicos.
    https://www.vakinha.com.br/2821297

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