Hoje em dia, a obesidade infantil vem se tornando um problema importante de saúde no Brasil. A principal causa do aumento de peso em crianças, excluindo alterações endocrinológicas, é uma ingesta alimentar que supera o gasto calórico.
Não sei se posso dizer que no meu tempo éramos mais saudáveis, mas não me lembro de nenhum gordo, ou gordinho, ou mesmo rechonchudinho, na minha turma de escola em Bálsamo. Nem no tempo do Grupo Escolar, nem no do Ginásio.
Nossa alimentação era semelhante à atual em termos de variedade, com a vantagem de que a oferta de refrigerantes e fast-foods era bem menor. O mais provável, então é que o principal motivo para a ausência da obesidade infantil naquele tempo, estivesse no gasto calórico.
E uma das principais explicações está neste trecho do premiado livro “Grupo Escolar de Bálsamo”, escrito por um ilustre balsamense, gente do bem e meu amigo, o Professor Antonio Roberto Esteves. Nesse livro, Esteves recria a história do Grupo Escolar e de quebra conta a história da cidade.
“Quem eram os alunos do antigo Grupo Escolar de Bálsamo? Havia duas categorias de crianças. A primeira delas era formada pelos alunos que moravam no povoado. A segunda por alunos da zona rural. Os primeiros eram crianças acostumadas à liberdade, correndo e brincando pelas ruas e quintais da vila. Subindo em árvores atrás de ninhos de passarinhos, trepando em mangueiras para apanhar mangas maduras ou pulando muros para roubar jabuticabas nos quintais.(…) Quando se cansavam das estripulias no povoado se reuniam em bandos e iam nadar nos poços que havi na fazenda do Cândido Soler, ou nos fundos da fazenda de Alexandre Lujan, a Himalaia.
Havia dezenas de brincadeiras diferentes, e tanto os meninos quanto as meninas do povoado gastavam suas energias nelas. Eram as bolinhas de gude, o pião, o jogo de felipe. O jogo de felipe ocorria na época do café maduro. Jogava-se felipe como se fosse bolinha de gude. Era bem mais fácil de conseguir e não custava nada. Havia as brincadeiras mais movimentadas como o “pula na mula”, salva-pega e os diversos tipos de “barata”: de agachar, de trepar ou livre. (…) O futebol era o esporte preferido de todos, não há dúvida, com os jogos realizados no meio das ruas desertas. As meninas dedicavam-se aos jogos mais amenos, como as cantigas de roda, a amarelinha, as “baratas” menos violentas, cheias de “figas”, “a raposa”, que era uma espécie de esconde-esconde, ou “senhora dona senhorinha, mandou tira-tira-lá”, “passa, passa cavaleiro” e muitas outras. As mais ativas preferiam o “corrineu”, uma espécie do jogo de bola-queimada daquele tempo. (…)
Já a segunda categoria de criança, os que vinham das fazendas das redondezas pouco brincava. Quando não tinhas que trabalhar passavam o tempo a andar pelo mato, atrás de passarinhos ou filhotes de bichos ou pela beira dos riachos pescando. A grande maioria mesmo era filha de colonos ou de pequenos sitiantes que desde cedo acompanhava os pais na dura labuta da vida do campo.”
Algumas dessas brincadeiras, como o corrineu, a raposa nem me lembro mais. Talvez não fossem do meu tempo. Mas me lembro de outras, como o Balança-caixão, (balança você, dá um tapa na bunda e vai se esconder), brincar de pular corda, “sal , pimenta, fogo, foguinho”, ou o “ordem, seu lugar, sem rir, sem falar, um dos pés, o outro, uma das mãos, a outra, bate palmas, piruleta, tras com frente, ao cruzado, sete quedas”. O jogo da bétia, jogado na rua, com regras bem definidas, mas que mudavam toda hora. Uma outra brincadeira, não lembro o nome, geralmente à noite, em que ficava um menino no meio da rua e os outros nas calçadas e tinham que atravessar a rua num pé só. Quem fosse pego podia levar tapas (com regras: não podia ser forte, nem na cabeça e nem nas costas) e ia pro meio da rua ajudar a pegar os outros. Futebol na rua, quase todas as noites. E era melhor quando chovia, ou quando o caminhão da prefeitura tinha passado molhando a rua para diminuir a poeira. Pés que eram puro cascão.
Me lembro que uma vez, um delegado que assumiu em Bálsamo trouxe seus filhos de São Paulo para conhecer a cidade e eles ficaram encantados, extasiados, quase em transe. Não queriam parar de brincar. Isso naquele tempo…
Acho que tenho que agradecer o fato de na minha infância não ter tablet, video-game, tantas atividades extra-curriculares. Não tínhamos tempo para engordar.
Qual era o nome da Fazenda de Cândido Soler?
Não fui criada em Bálsamo, mas tenho boas lembranças das brincadeiras de rua das quais participava no Rio de Janeiro. Naquela época ainda era possível ficar na rua até tarde, correndo de um lado para outro, andando de bicicleta, jogando BET, subindo em árvores ou brincando de roda. Ah! lembro-me bem das Cantigas de Roda, de ser a Rosa no centro da roda…aquele com quem o Cravo brigou!
Magra eu era mesmo, e muito. Não sei se por viver na rua como moleque ou por ser ruim. A gordura só me encontrou depois dos 30, quando virei gente grande e cheia de responsabilidades. Para emagrecer agora, só fechando a boca.
È isso aí….menino sadio tem que ter joelhos e pés encardidos e várias cicatrizes….se nunca quebrou um braço certamente passou bem perto….abraços Sérgio
Nessa você foi longe. Me vieram à cabeça flashes desse circo. Q Suco! Que loucura, brincar com trapézio.
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Não me lembro da brincadeira da barata direito, mas não era essa. Era de correr, eu acho.
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Continuando, pois não coube antes:Seu ratinho está em casa ? Não, Senhor ! A que horas ele volta ? Às oito horas. Que horas são ? Uma hora. Que horas são ? Duas horas… Seu ratinho já chegou ? Sim, Senhor ! Dão-me licença para entrar ? Sim Senhor !
Peixinhos: “É do Tango, tango, morena, é do carrapicho, Vamos jogar FULANA , morena na lata do lixo”. ..o mestre canta: “Se eu fosse um peixinho, pudesse nadar, tirava fulano do fundo do mar”.
Pirulito que bate, bate; Pirulito que já bateu; Quem gosta de mim é ela, Quem gosta dela sou eu.
“Vamos passear na floresta, enquanto o seu lobo não vem, tá pronto, seu lobo?”
Um homem bateu em minha porta E eu abri …Senhoras e senhores: põe a mão no chão Senhoras e senhores: pule de um pé só Senhoras e senhores: dê uma rodadinha. E vá pro olho da rua – Ra, re, ri, ro, RUA.
Uni, duni, tê: Uni, duni, tê, Salamê, mingüê, Um sorvete colorê, O escolhido foi você!
Desde que o Neto falou comigo hoje pelo MSN se eu lembrava do jogo da Barata, eu lembrava bem do nome, mas não sabia mais. Fui pesquisar e lembrei que já brinquei muito de barata, com uma versão um pouco diferente desta descrita abaixo.
BARATA ASSUSTADA:
Material: Uma bola
Preparação: As crianças formam um círculo bem grande conservando bastante espaço entre si. Uma delas recebe a bola.
Desenvolvimento: Ao sinal de início, a bola vai ser passada de uma em uma à volta do círculo, o mais depressa possível, sem faltar ninguém. A
certo apito ela é mandada na direção contrária sem perda de tempo. Os sinais são dados a intervalos irregulares, ora demorados, ora seguidos com
rapidez para exigir atenção contínua dos jogadores. Quem não obedecer prontamente a ordem e não arremessar a bola depois do sinal, paga uma
prenda. A vitória é dos jogadores que termina a brincadeira e não pagam prendas.
Prendas: Imitar um bicho, pular agachado, cantar, etc
Outra coisa que pensei é que meus filhos não sabem a maioria dessas brincadeiras. Eles nasceram em São Paulo, mas passaram a infância em Bálsamo. Com a Sofia e a Laura e aos netos que vão chegar vou ensinar ao menos as músicas das brincadeiras …os jogos não dou conta, apesar de atualmente precisar muito deste dispêndio de energia – calorias.
No quintal de casa, na garagem, perto da rinha de galo do pai improvisávamos o circo com trapézio e tudo. a entrada era palito de fósforo. Fazíamos Q.suco. Até que éramos criativos. Hoje tá meio pronto. Sem graça
Eu lembro desses dizeres do Elizeuzinho e acho que as músicas ou as cantigas é que ficam mais fortes em nossa memória…então fui no Google para ver as brincadeiras com música e selecionar as que brinquei, como:
“Adoleta, le peti petecolá, les café com chocolá. Boca de forno. .. Forno. ..Tirar um bolo. ..Bolo. Fareis tudo o que o mestre mandar ? Faremos todos. ..Corre cotia Na casa da tia Corre cipó Na casa da avó Lencinho na mão Caiu no chão Moça(o) bonita(o) do meu coração- Corre cotia, de noite e de dia Debaixo da cama, da sua tia…Carneirinho, carneirão, neirão, neirão, Olhai pro chão, pro chão, pro chão… Manda ao rei de Portugal Para nós nos sentarmos… “1 elefante incomoda muita gente” “2 elefantes incomoda, incomodam muito mais”…Escravos de Jó Jogavam Caximbó. Tira, bota. Deixa o Zé Pereira Que se vá. Guerreiros com guerreiros Fazem zigue – zigue zá ..“O Circo pegou fogo, palhaço deu sinal, acuda, acuda, acuda a bandeira nacional…Cadê o toucinho que estava aqui? O gato comeu. Cadê o gato? Foi pro mato. Cadê o mato? O fogo queimou. Cadê o fogo? A água apagou. Cadê a água? O boi bebeu. Cadê o boi? Foi pro trigal. Cadê o trigal? A galinha espalhou. Cadê a galinha? Foi botar ovo. Cadê o ovo? O frade comeu. Cadê o frade? Foi rezar missa. Cadê o povo da missa? Foi por aqui, por aqui, por aqui…
Quantas lembranças lindas Neto .As brincadeiras de rua ,as rodas cantadas" senhora Dona Viúva "…" entrar na roda "…Mas não sei se na época de sua infância ,mas na minha, uma das brincadeiras preferidas era " o cirquinho ",havia ensaios e pagamento de ingressos para ver o espetáculo.Para armar o circo ,sempre era escolhido o quintal maior ,de preferência os que tinham as maiores mangueiras.Doces lembranças …obrigada amigo !!!
A lembrança do Manelão é boa demais. Tinha um sítio por ali que tinha gansos que atacavam os passantes, e (nunca vi, mas ouvi dizer) que tinha também um sitiante que dava tiros de sal em quem roubava melancia.
Mas era uma alimentação mais "natural" e o dia inteiro fazendo algum tipo de atividade física
Quantos cascudos levei de minha mãe quando chegava em casa totalmente embarreado ( só os olhos de fora)por jogar bola na rua quando chovia! Ela não estava acostumada a isso e nós (eu e meu irmão), totalmente integrados à nova vida, aproveitávamos o quanto podíamos.Tinha o Manelão, também, lembram-se? O caminho era por trás do cemitério, se não me engano, e passava no meio de uma plantação de melancia. Andava-se muito.Quanta melancia morna eu não comi!!!! E tomar carreirão de vaca…!!! Uma vez tomamos um, perto da estação, que nunca vi alguém correr tanto como o Joaquim da Dona Ninfa. Depois rimos muito (acho até que de nervoso). Ia engordar como?!
Muito bom você lembrar de tudo isso.
Lembrando também, das caminhadas no jardim (footing). Bons exercícios.
Tempo bom. Aqui em Bálsamo tinha a cachoeirinha, onde íamos a pé (8 Km aproxidamente) de manhã e voltavamos de tardezinha. Bricadeiras de rua, como bola queimada, futebol na frente de casa, mãe da rua, pique esconde. minhas filhas ainda brincaram um pouco (vantagens do interior). Não tínhamos preguiça. Comíamos bem também (lembra do bauru e do lanche de pernil da vó Zaida e o Grapette?) e éramos bem magros.
Pena que toda essa energia que tínhamos se perdeu.Tá difícil achar, nos acomodamos.
Bem lembrado, meu irmão, temos boas histórias para serem lembradas e contadas. Beijo
Rui, certamente a nossa infância na octogonal foi boa. Talvez a minha geração tenha sido a última que realmente tenha brincado o dia todo.
É uma pena, pois as amizades dessa época duram até hoje!
é mesmo, Rui, a gente andava um tempão equilibrando aquelas rodelas que pegávamos nas oficinas. e tinha os carrinhos de rolemã, precursores dos skates.
Caramba, Elizeuzinho, essa eu não lembrava. Mas era bom
Neto, tinha os pneus que rodávamos com as mãos e o arquinho de ferro que levávamos rodando com uma haste de ferro dobrada para guiá-lo. Os caminhões e carros de madeira. O estilingue. O canivete, que naquela época era usado para descascar frutas. Acho que nossos filhos viveram um pouco dessa infância na Octogonal. Belas lembranças.
A brincadeira noturna era mais ou menos assim, sei falar, escrever não sei como … Mas era dito assim: Gorringorraia, fogo na paia, paia paió, rebenta o cipó e mais algumas palavras.