Os balsamenses da minha geração certamente se lembram do Circo Teatro Irmãos Alciati, que frequentemente fazia temporadas na cidade, nos anos 60 do século passado. E era muito bom quando o circo chegava, a cidade se agitava, era um programa obrigatório. Até o seu Dito Pipoqueiro deixava o ponto no Jardim, perto do cinema, e levava seu carrinho para a frente do circo. Meu pai às vezes comprava as “permanentes”, ingressos que nos permitiam assistir a todos os espetáculos e perdíamos poucos. Para a criançada era o que se podia chamar de festa. Quem não podia ou não queria comprar a entrada, sempre achava um jeito de “varar”. No dia seguinte, no Jardim, o assunto era o circo.
Lolô, bem vestido, fazia o tipo sério que dava as deixas para as piadas do Mixirica, que fazia o palhaço escrachado, pintado, com roupas e sapatos extravagantes. Quando começava um causo, Lolô dizia: “Mixirica do céu” e ouvia de volta: “Lolô do inferno”. Ríamos muito dos bordões como o “Foi onti ou ontionti?” ou “Xeréuxéuxéu”, das piadas repetidas em todos os espetáculos.
Todos os dias, havia um momento em que Lolô e Mixirica cantavam o xote Gip Gip Nheco Nheco, cujo refrão era:
Oi trepa no coqueiro, tira coco,
Gip gip nheco nheco no coqueiro oilirá
Aí vinha o Mixirica na segunda parte:
“Esta noite eu tive um sonho, um sonho esquisito,
Sonhei que o Lolô tava comendo azeitona… de cabrito”.
O circo vinha abaixo, apesar das anedotas conhecidas. Na temporada seguinte pouca coisa mudava, os mesmos bordões eram repetidos e o sucesso era igual. Aplaudia-se e agradecia-se o carisma do palhaço.
O circo-teatro teve um papel importante na cultura de massas, na história cultural do interior paulista e no imaginário popular, até a década de 1970, quando perdeu espaço com a massificação da televisão. Ironicamente, grande parte do sucesso dos programas de TV se deveu à utilização de técnicas circenses. O próprio cotidiano da pequena Bálsamo da década de 1960 certamente se modificava com a chegada do circo, principalmente o do Mixirica.
Agradeço muito se alguém se lembrar de outros bordões ou que tiver fotografias ou outro tipo de material sobre o Mixirica e sua troupe.
Lolô e Mixirica são muito queridos do pessoal da minha geração, Lucien. A intenção do post era realmente homenageá-los.
É verdade. Eu também estava chegando na cidade para visitá=los quando soube do acidente. Meu nome é Lucien Alaor Alciati e sou filho do Lolô. Foi muito triste, mas o nome dela era Dary e não Lucilia. Obrigado porte ter boas lembranças, apesar da tragédia ocorrida.
Boa noie, Mané. Obrigado pela lembrança. Também tenho saudades. Meu nome é Lucien e sou filho do Lolô, da dupla Lolô e Mixirica. Infelizmente ambos já se foram, e ambos com mais de 90 anos de idade.
Mixirica era meu tio avô.
Minha avó (que também já faleceu) andava na garupa das motos no Globo da morte. Viver com esses grandes artistas só trouxe alegria e cultura para nós.
Só conseguia ir ao circo quando estava em Bálsamo, saudades das minhas férias. Ler sobre essa cidade e perceber que outras pessoas falam de um passado tão querido….é reviver uma alegria única.
Eu sou de Mococa -SP e tambem tive o prazer de conhecer essa dupla maravilhosa e por lapso do destino em uma das vezes que o Circo estava chegando em Mococa o Lolo se envolveu num grave acidente automobilistico logo na chegada da cidade onde sua esposa Lucilia veio a falecer e por incrivel que pareca esta enterrada no cemiterio local muito historico tudo isso.Fica ai a informacao e mais uma curiosidade desse grande circo.
Parabéns! É isso ai.
Terso M. Mazza – Tanabi – SP.
Na década de 60, na maioria da vêzes, era montado na esquina da Rua São Paulo com a Rio Grande do Sul em frente à minha casa, na Cafeeira Bálsamo. No dia em que mudei para Bálsamo, o Circo do Mixirica estava montado ali.Imaginem uma criança de 11 anos, chegando de São Paulo e tendo um circaço daqueles montado em frente de casa?! Eu achava que tinha chegado no céu!
Conheço gipgipnheconheco, meu pai cantava quando eu era criança
Helo
Doce lembrança…da tábua de pirulitos,algodão doce e o cheiro irresistível da pipoca feita pelo seu Dito pipoqueiro,pai do nosso amigo Eliseu…
O preço do ingresso das cadeiras era proibitivo,pois ficava bem próximo ao picadeiro…A arquibancada,carinhosamente chamada de puleiro era a única opção…O meio mais usado para entrar no circo era vazar por debaixo da lona,ao apagar das luzes, no início do espetáculo…O circo era montado na vila caixão,próximo a uma serraria,depois foi para o terreno onde existia um campo, onde jogávamos bola,terreno ocupado posteriormente para a construção do Colégio Estadual de Bálsamo,hoje nominado EEJoaquim Sylvio Nogueira…QUE SAUDADE!!!!!!Mané da Ninfa
Tinha também a música do Gip gip nheco nheco
Alguns esclarecimentos para quem não é do interior:
Varar era entrar sem pagar, por baixo ou por um buraco da lona.
Jardim era como chamávamos a praça da cidade.
Olá Juba. Obrigado. Mandei mensagem para ela e outros Alciati da lista de amigos dela.
Tio, a neta do Mixirica criou uma comunidade no orkut:
http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=3450248
Aqui o face dela:
http://www.facebook.com/mariana.alciatiagostini
Abs
Alguém se lembra onde era montado o circo? Acho que na maioria das vezes era na Vila Caixão.