A Garage – O nascimento de Bálsamo

A “Garage” – década de 1920 Acervo Julio Martinez Parra

       
       Meu amigo Julio Martinez Parra, o Julinho, que dedicou grande parte do seu tempo para a preservação da memória de Bálsamo e que possui o maior acervo de fotografias históricas da cidade, consentiu que eu publicasse no blog essa preciosidade de fotografia da Garage, um grande marco do nascimento da cidade.
Para entender a história da Garage, recorro a outro ilustre balsamense, o professor Antonio Esteves, que nos conta:(1)
“Pioneiro não só da construção de estradas de rodagem da região, como também das linhas de jardineiras da região, Feliciano Salles Cunha iniciou em 1920 a construção de uma estrada de automóveis ligando Rio Preto a Tanabi, passando por Mirassol, e seguindo o espigão divisor das águas do sistema do Rio São José dos Dourados e Rio Preto. Na metade do trajeto entre Mirassol e Tanabi pensava construir uma parada para suas jardineiras e para tal sugeriu a vários moradores das proximidades das cabeceiras do córrego do Bálsamo que fundassem um povoado em suas terras. Ninguém se interessou por seu projeto até consultar D. Lourença Diogo Ayala que acabou concordando e loteando seu sítio. Do loteamento doou um quarteirão para a construção da igreja, cuja padroeira ela mesma escolheu: Nossa Senhora da Paz, a mesma do povoado onde D. Lourença nascera na Espanha.
A primeira casa do povoado foi uma construção provisória erguida por Pedro Navarro Garcia no fundo do lote situado na esquina das atuais Avenida Brasil e Rua Minas Gerais e que serviu de abrigo a Pedro Navarro e seus pedreiros enquanto levantavam a casa na frente do referido lote, que abrigaria a primeira casa comercial do povoado. Eram proprietários desse armazém de secos e molhados Pedro, na ocasião solteiro, e seu irmão André, casado com D. Ana Valero Andréo, que foram os primeiros moradores do núcleo urbano que nascia.
Enquanto Pedro Navarro construía a casa onde instalaria sua venda, Feliciano Salles Cunha construiu, um pouco mais embaixo, na beira da estrada, hoje Avenida Brasil, na metade do quarteirão, do lado direito, uma casa de madeira, coberta de telhas, onde instalou sua garagem, que além de ser parada das jardineiras funcionava uma espécie de taberna que vendia bebidas, secos e molhados, além de oferecer pouso e refeição. Nessa casa vieram morar Manoel Pedro de Alcântara, funcionário da Companhia de Transportes de Feliciano e sua mulher, D. Francisca de Assis Alcântara que tinha exercido a função de professora em Mirassol e que seria a primeira professora do povoado nascente. Devido a essa construção foi o povoado conhecido em seus primeiros anos de existência pelo apelido de “garage”, tendo o verdadeiro nome, Bálsamo, só se fixado alguns anos mais tarde”

[1]Este relato é um trecho do premiado livro “Grupo Escolar de Bálsamo – EEPG “Modesto José Moreira” – 50 anos. Subsídios para a História da Educação Balsamense.” de Antonio R. Esteves, publicado em 1988

Neto Geraldes

Um novo historiador que gosta da medicina e um velho médico que gosta da história.

Este post tem 14 comentários

  1. Anônimo

    Gostei muito Neto, continue contando a história de Bálsamo. Apesar de ter morado em Bálsamo poucos anos, tenho saudade dos bons tempos que lá vivi e um carinho imenso pela querida Bálsamo, onde guardo belas lembranças. Sônia

  2. Neto Geraldes

    Obrigado por ter passado por aqui, Vera. Espero poder continuar contando a história de Bálsamo. A alma da cidade, de onde vem o orgulho de ser balsamense, como você disse, passa pelo conhecimento da história.

  3. Vera Facioli

    Gostei da publicação Neto. Que bom que temos alguns documentos da nossa querida Balsamo. Saudades de tantos bons tempos. Orgulho de ser balsamense.

    Vera Facioli.

  4. Anônimo

    Não acredito que não sabem quem é o Anonymos- vou dar umas dicas:

    Gosta de trabalhar; vai fazer 60 anos. tem quase 3 netas (uma morena, outra loira e outra que deve ser loira – todas lindas e espertas)

    Fora isso, tem uma paixão incontrolável pelo tricolaço (meu bem) – e um ódio sem tamanho pelo timinho (meu mal)..só torce para 2 times -o que joga contra os gambás e o mais querido…

  5. LOLE

    É a d. Wilma Ferreira?
    Outra grande e ilustre moradora de Bálsamo.

  6. LOLE

    E afinal, quem é o Anonymous?

  7. O Esteves já tem pronto há muitos anos um livro sobre a história de Bálsamo, que ele está prometendo publicar há algum tempo e que é muito bom.
    O Julinho tem outras fotos de grande valor histórico e também está escrevendo sobre a história da cidade.

  8. Lurdinha Geraldes

    Esta Anonymous está com cara da Elzinha. Será?

  9. Robertinho

    Oi, Anonymous ( que não sei quem é…rsrsrsrs….). É do Esteves, sim. Muito legal. Abração.

  10. Anônimo

    Que lindo Neto, são essas coisas que aquecem nosso coração de Balsamense que ama essa cidade querida .Tenho o livro do Prof.Esteves e sempre volto a ler,mas guardo como uma grande relíquia.Obrigada amigo por esse carinho com a nossa história .Forte abraço ! Wilma

  11. Anônimo

    Oi Robertinho, deve ser o livro do Esteves, mas também não imagino que possa ter te dado o livro
    Neto, se eu tivesse tempo agora colocaria "minhas lembranças" sobre a Bálsamo que vivi entre os 7 aos 18 anos. Quando fomos estudar fora quase tudo se perdeu.
    Acho que cada um de nós tem muito a contar da sua turma, lembrando de um tempo de muita amizade, companheirismo, (quase) sem maldade (talvez seja minha soronguice,mas eu não via falta de respeito entre meninos e meninas).
    Que pena que hj o que divide a cidade não seja só a linha do trem…
    Uma das fortes lembranças do tempo da infância e juventude é o carnaval de Bálsamo, os músicos parentes do Germano, a música do trio elétrico do Caetano Veloso. Aproveito para colocar alguns versos da música de Caetano Veloso que me lembrou no final de 2012 do meu Bálsamo do Bem…

    Meu Bem, Meu Mal -Caetano Veloso

    Você é meu caminho
    Meu vinho, meu vício
    Desde o início estava você

    Meu bálsamo benígno
    Meu signo, meu guru
    Porto seguro onde eu voltei

    (…)

    Onde o que eu sou se afoga
    Meu fumo e minha ioga
    Você é minha droga
    Paixão e carnaval

    Meu zem, meu bem, meu mal

  12. Roberto

    Muito legal, Neto. Excelente a sua contribuição, Julinho. Ter essas histórias de minha cidade do coração é muito legal. Eu tenho um livro de Bálsamo( nem me lembro quem me deu) que é fantástico.

  13. Lurdinha Geraldes

    Ainda bem que existem ainda alguns registros e balsamenses de coração para que a história de nossa cidade não se perca de vez. Lembrando que progresso não significa apagar a história como vem acontecendo.
    Boa irmão, continue empenhado
    Bjos

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