Somos gente vulgar, somos perecederos, somos mortales,
déjennos pues ya morir,
déjennos ya perecer,
puesto que ya nuestros dioses han muerto.”
déjennos pues ya morir,
déjennos ya perecer,
puesto que ya nuestros dioses han muerto.”
versos mexicanos de 1524 recolhidos por Miguel León-Portilla
Os diversos estudos realizados para calcular a população indígena que vivia na América antes da sua descoberta por Colombo ainda mostram divergências importantes entre os autores. Os números apresentados variam entre 100 milhões (corrente maximalista) e 13,3 milhões de habitantes (corrente minimalista). A tendência atual dos historiadores é diminuir um pouco os valores mais altos, mas todos rejeitam os números mais baixos. Qualquer que seja essa dimensão demográfica pode-se afirmar que a região era densamente habitada. A capital asteca Tenochtitlán chegou a ter uma população de 300 mil habitantes e na mesma época em Veneza viviam pouco mais de 100 mil pessoas.
Salta aos olhos, então, a questão: como foi possível que vários milhões de indígenas, povos guerreiros, fossem subjugados e dizimados por algumas centenas de europeus?
Várias explicações são apresentadas: os espanhóis possuiam melhores equipamentos de guerra, como armas de fogo e cavalos, foram exploradas as divisões étnicas e políticas entre os indígenas, feito alianças com grupos rivais, explorados aspectos psicológicos e místicos, escravização, confisco de alimentos, mas fica claro que a conquista, de natureza militar, só foi possível graças a uma vertiginosa queda populacional ocorrida entre os ameríndios. Para se ter uma idéia da intensidade desse desastre demográfico, a população estimada da ilha de Santo Domingo era em 1493 de cerca de 1.100.000 habitantes, em 3 anos baixou para 350 mil e em 1517 estava reduzida a menos de 10 mil pessoas. No vale do México, a população diminuiu de cerca de 25 milhões de pessoas em 1519 para pouco mais de 6 milhões em 1548.
Nesse contexto, as doenças infecciosas trazidas pelos espanhóis tiveram papel capital na brutal mortandade ocorrida na população indígena e, por consequência, na conquista da América. A população americana estava isolada há muitos séculos, sem qualquer contato e sem qualquer defesa imunológica contra os vírus que foram trazidos pelos espanhóis, o que fez com que as doenças se manifestassem de maneira extremamente grave entre os indígenas.
A primeira grande epidemia, provavelmente por influenza, foi registrada em Santo Domingo no ano de 1493, logo após a chegada da segunda expedição de Colombo e já dizimou grande parte da população. Várias outras epidemias foram registradas: sarampo, febre amarela, tifo, malária, mas foi a varíola- chamada pelos ameríndios de Hueyzahuatl (grande lepra)- que provocou a maior mortalidade. A mortandade que se verificou entre os astecas, incas, maias e outros povos americanos levou a profundas consequências no comportamento e no imaginário indígena, principalmente do ponto de vista cultural, psicológico e religioso e se constituiu numa das maiores catástrofes causadas por doenças em toda a história da humanidade.
Pois é Gustavo. Numa população já sem imunidade contra o vírus da varíola, na hipótese de uma epidemia o primeiro impacto seria desastroso. Quando andar pela web, dê uma passadinha por aqui.
abraço
Curioso é que se ocorresse uma epidemia de variola hoje o resultado seria parecido e em escala global…
Como disse o Jaime, está muito bom este blog e fará parte do meu itinerário em minhas andanças pela web.
Um abraço,
Gustavo
Obrigado, professor. A pesquisa deste post foi feita durante o curso de História da América 1. Guardei outras.
Abraço
Bravo, Neto!
Muito bonito o seu blog, vou visitar de vez em quando.
Abraços
Jaime