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Ilustração do livro Micrographie de Robert Hooke |
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Ochiollino de Galileu (?) |
A história da microscopia começa em meados do século XVII com as observações do holandês Antonie von Leeuwenhoek, embora os primeiros microscópios tivessem sido inventados provavelmente no final do século XVI. Há relatos de que os também holandeses Hans Jannsen e seu filho Zacharias construíram, na década de 1590, um instrumento que consistia em tubo cilíndrico com lentes nas extremidades, capaz de proporcionar um aumento de cerca de 10 vezes do objeto estudado. O célebre Galileu Galilei (1564-1642), em 1624 apresentou um aparelho, que vinha aperfeiçoando desde 1609 que aumentava o objeto cerca de 20 a 30 vezes e que chamou de ochiollino. A utilização do termo “microscópio” só apareceu em 1624, utilizada pelo alemão Giovanni Faber.
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O microscópio de Leewenhoek |
Antony Leewenhoek (1632-1723) era um comerciante de tecidos de Delft na Holandaque tinha grande aptidão para lidar com lentes. Acabou desenvolvendo seu próprio microscópio, que tinham apenas uma lente, construindo centenas deles. Os melhores chegaram a proporcionar aumentos de cerca de 200 vezes. Sua curiosidade levou-o a examinar com suas lentes tudo o que podia.
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O microscópio de Leewenhoek reconstruido* |
Criterioso, descreveu espermatozoides, relatando a presença de animálculos no esperma, glóbulos vermelhos do sangue. Identificou um animálculo em suas próprias fezes, que mais tarde seria identificado como a Giardia lamblia. O mundo invisível estava sendo revelado e abrindo o caminho para novas descobertas. Os microscópios, lentes e observações de Leewenhoek alcançaram grande repercussão no seu tempo. Seus trabalhos tiveram repercussão na Real Academia de Medicina em Londres, onde alcançou o apoio de Robert Hooke.
Robert Hooke (1635-1703), por sua vez, deu grande impulso à microscopia, tanto por ter aperfeiçoado o instrumento, utilizando duas lentes (uma ocular e uma objetiva), como por suas experiências e observações. No seu livro Micrographie, que foi publicado em 1665, está registrada a descoberta da célula, que mais tarde viria a ser considerada a unidade estrutural da vida. Hooke examinou cortes finos de cortiça e verificou que existiam numerosos compartimentos vazios, a que chamou de cells.
Os aparelhos foram recebendo progressivos aperfeiçoamentos com o tempo. Na década de 1740 apareceram os microscópios de projeção que utilizavam a energia solar e que fizeram bastante sucesso. Na época, eram frequentes a apresentação de espetáculos para demonstração desses instrumentos.
A progressão do conhecimento levou a um entendimento cada vez maior da estrutura e funcionamento das células, mas foi somente no século XIX, em 1838 que o botânico alemão Matthias Schleiden (1884-1881) demonstrou que todos os vegetais eram formados por células e em 1839 o zoólogo Theodor Schwann (1810-1882), também da Alemanha estabeleceu que o mesmo se aplicava aos animais e que a célula era a unidade fundamental da vida. Estava pavimentado o caminho para a criação da Teoria Celular. Ao criar condições técnicas para o estudo de microorganismos e das estruturas celulares, a invenção proporcionou um avanço formidável no conhecimento médico e a ruptura, não sem muita polêmica, com antigos e arraigados conceitos.
* a ilustração refere-se a construção de uma réplica do microscópio de Leewenhoek, que pode ser vista aqui: http://www.microscopy-uk.org.uk/mag/indexmag.html?http://www.microscopy-uk.org.uk/mag/artjul07/hl-loncke2.html